Essas perguntas parecem insistir em ficar na mente de pessoas que se comprometem com a Educação de qualidade no Brasil. Os rumos que vêm tomando a Educação, tanto a básica quanto a superior, têm assustado e às vezes levam à descrença e a pensar que a Educação no Brasil é uma farsa.

Podem parecer contraditórias tais assertivas, num momento em que os índices brasileiros melhoram, novas estruturas, novos programas de inclusão de camadas menos favorecidas no Ensino Superior. O que é preciso questionar é o fator quantidade versus qualidade.

A cada dia aumentam os números de ingressantes em cursos superiores, porém a qualidade do ensino está cada vez mais sucateada. A capacidade de leitura, escrita e o interesse pelo conhecimento têm ficado de lado. Fora isso, o governo federal parece incentivar a produção de uma Ciência mais prática, mais voltada apenas aos anseios da população em termos de assistencialismo.

O toque assistencialista do governo em questão começa a respingar na Ciência. Pode-se notar pelo “Ciência sem Fronteiras” que preconiza áreas biológicas e humanas e agora um novo incentivo para alunos de escolas regulares a participarem de projetos nas mesmas áreas.

O incentivo ao pensar, filosofar e conhecer a realidade sócio histórica de um país marcado por repressões e censuras no passado, parece querer calar novamente a voz do brasileiro e interditar lhe a capacidade de pensar no ser humano além do biológico, mas sim no seu aspecto psicossocial também.

E nesse emaranhado de dúvidas e descrenças surge uma dúvida tanto para quem vai escolher a graduação quanto para quem vai escolher a pós: faculdades particulares ou públicas?

Sabe-se que o ingresso em uma universidade estadual ou federal não é simples. Exige luta e esforço. Para o aluno egresso do ensino médio que busca pela graduação, muitas vezes os gastos – com estadia, transporte, pois as universidades públicas geralmente ficam longe de casa – fazem com que o desânimo e a apatia apareçam e optem por cursar uma particular na cidade de origem. Oferecem-se bolsas para pós, algumas de iniciação científica, mas pelos valores é possível até viver-se em situações subumanas.

Fora isso a escolha pelas particulares nos faz perceber um ensino cada vez mais mercantilizado, sucateado e pautado muitas vezes na Educação a Distância, outro engodo. Outro dia encontrei um erro de ortografia em uma prova do curso de Letras de uma IES EaD. Ou seja, a prova foi elaborada pela tutora. Agora como vou ser tutorado por uma pessoa que nem sabe o que está ensinado?

Na pós-graduação, escolher por uma IES particular, muitas vezes levará ao preconceito pelo resto da vida, principalmente no que diz respeito à stricto sensu.

Mas o caos não para por aí. Até mesmo as universidades públicas já perderam em qualidade, porque os alunos que chegam até ela, chegam cada vez com menos bagagem. Apaga-se o sujeito, apaga-se a sua busca por uma Educação de qualidade e assim o Brasil cresce economicamente, mas paralisa-se na historicidade e a construção da justiça e igualdade social.

Por isso resta saber que para escolher – pública ou particular – propósitos, metas e objetivos precisam ser avaliados.

A pública pode ser sempre a melhor escolha. E aqueles que trabalham em uma universidade particular, sabem da dificuldade em fazer os alunos lerem, a pesquisarem e a terem uma responsabilidade na aquisição do conhecimento e da prática profissional. Na pública, os grupos de pesquisa ainda tentam aplacar essas barreiras. Somente com um esforço pela prática da leitura, escrita e valorização da cultura, que não a cultura apenas on-line, vá surtir efeito.