Não me venham com fórmulas prontas, gosto de apreciar as incertezas” (BR8).

É intrigante observar/ler alguns textos elaborados por nós acadêmicos, “eruditos”, intelectuais que encaminham a sociedade para luz do conhecimento (sem esses textos “nada seríamos”), o sentimento de prisão estampado em cada linha ou em cada gráfico, elaborado como resultado de pesquisas ou análises, pode ser percebido, ou não, dependendo também diretamente do tamanho do dicionário que se encontre ao seu lado a cada leitura. Por quê?

Observem: não estamos falando de termos técnicos que são necessários para a exemplificação de normas, fórmulas ou “conceitos”, estamos nos referindo a uma ação mais perturbadora ainda, o quanto nós conseguimos dificultar ao invés de facilitar uma leitura.

Esculpimos um texto pensando em um pequeno grupo de acadêmicos, pesquisadores, “pessoas da área”, para tanto (não generalizando) o nível de dificuldade da leitura há de ser proporcional ao tamanho do ego desses leitores ou seus currículo lattes… (nem tudo que só lattes morde). A responsabilidade social passa longe emanando um “tchau tímido”.

Passamos livros e mais livros para tentar sistematizar, fazer a digestão do que foi lido para divulgarmos e, quem sabe, fazer de alimento para um alguém, mas esquecemos (ou não aprendemos, não queremos, não incentivam) do “‘Alguém’ que não é dito, ou não se encontra nas citações do Fator de Impacto”, acabamos em não transformar e dividir esse alimento, nem oportunizamos com quem mais realmente precisa, com aqueles agentes sociais que necessitam transcender sua consciência imediata em consciência reflexiva e teorizada e/ou até mesmo aquele aluno do primeiro semestre de graduação em uma universidade qualquer, que sonha em voltar para sua cidade natal e ajudar as pessoas que o tanto incentivaram e trabalharam para ele estivesse estudando. Essas ideias não eram para estar divulgadas em qualquer saco de pão de papel?

Quase nunca escrevemos por uma necessidade dos nossos dedos, pensamentos, sonhos. Escrevemos para alimentar a máquina de produção, as peças (nós) se enferrujarem ou saírem do padrão rapidamente um “técnico na área” irá inserir outra no lugar, a mecanização do conhecimento não pode parar.

Parafraseando Pompeu – General Romano, eternizado nas linhas de Fernando Pessoa – ao dizer para os marinheiros tenebrosos, que recusavam viajar em épocas de guerras: “Navegar é preciso; viver não é preciso“, acredito que esta frase “é dita” a nós, mesmo sem percebermos, quando escolhemos viver na pele de professor-autor-pesquisador, um pouco diferente, é claro: “Escrever é preciso; oportunizar não é preciso”.

A frase que dá nome a esse ensaio denuncia a angustia de muitos amigos pelos corredores das universidades a fora. Tantos assumem e se fixam somente na primeira sentença da frase, outros preferem retirar a palavra “não” da dela, trabalhar para oportunizar e escrever quando sentir necessidade.

Se acreditarmos, que carregamos uma responsabilidade em compartilhar essas descobertas elaboradas pela “ciênciARTEducação”, por que construímos muros no lugar de pontes?.

Negamos tanto assim nossa responsabilidade social com as pessoas, com a Educação para assear um grupo de “Deuses”? Escrever, como o próprio pensamento, não deveria ser uma vontade natural, saborosa? Será que toda vez que começamos a falar por palavras escritas, pensamos realmente o “porque” de estarmos escrevendo ou pesquisando?.

Não temos aqui a pretensão de esgotar ou finalizar os questionamentos, momentos doce-amargos, no entanto queremos caminhar ao lado, passo por passo (“devagar também é pressa”) com todos, e porque não pensar em criar alternativas metodológicas que conversam com uma criança e problematizar um estudioso? Essa poderia ser uma das premissas para começar uma pesquisa, um estudo. Escrever é preciso, mas compartilhar com todos é essencial e imprescindível.

REFERÊNCIAS QUE INSPIRARAM O TEXTO:
A Arte de Escrever – Arthur Schopenhauer; Para Quem Pesquisamos, Para Quem Escrevemos: o impasse dos intelectuais – Antônio Moreira. Magda Soares. Roberto Follari. Regina Garcia (Org.)

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Texto escrito por Biba Renata, professora de Educação Física e estudante de Pedagogia.