Oh questãozinha CRE-TI-NA! Do grupo daquelas que “intrigam” a humanidade: “Tostines é fresquinho porque vende mais ou vende mais porque é fresquinho?” Ou, ainda: “Quem veio primeiro: o ovo ou a galinha?” Encontrar uma resposta a essas perguntas nos rouba de nossa zona do sossego, despende-se tempo, mas exercita nossa mente errante, desperta a criatividade.

O universo da pós-graduação nos expõe a “semelhante” desconforto quando nos sugere descobrir nossa real identidade profissional (se é que ela existe). E a respeito disso, a pergunta que não quer calar: serei eu um docente pesquisador ou um pesquisador docente? Considerando a natureza vinculada de ambas as atribuições, quero dizer, estou inclinado (a) mais à docência ou à pesquisa?

Para nos ajudar a desvelar esse enigma, destaquemos os extremos. Quem não conhece aquele sujeito naturalmente didático, desenvolto, “expert” na arte de falar em público e de se fazer bem entendido?

Por outro lado, quem de nós – homens e mulheres normais – não inveja o “nerd” comprometido, dono de um Lattes magnífico, autodidata, altamente produtivo e prazerosamente imerso em seu nicho acadêmico?

Pois bem, reconhecendo os extremos e a indissociabilidade entre docência e pesquisa, nos resta uma saída: desenvolver os aspectos, inerentes a tais atribuições, que nos são mais defasados.

Sobre esses aspectos ou limitações, uma história real, recente, muito pertinente. Final de tarde, revisando a metodologia de minha dissertação, o celular toca. Do outro lado, uma amiga muito querida.

Conversa vai, conversa vem, uma bela notícia: ela havia sido chamada para ser professora temporária da universidade. Fiquei radiante por ela, mas estranhei o modo como ela me contou a novidade: sem alterações no timbre e intensidade de sua voz, sem solenidades ou suspenses ou qualquer emoção.

Talvez eu seja mesmo exagerada para transmitir mensagens dessa natureza, porém, sinceramente era a atmosfera que eu esperava sentir.

No entanto, não demorou muito para eu perceber o porquê da omissão desses sentimentos positivos, eles estavam mascarados pela dúvida e pelo receio. A dúvida de tomar a decisão correta, o receio de não atender as próprias expectativas. Pois é, quem é exigente consigo mesmo, factualmente sofre com suas próprias cobranças.

Todavia, me senti na obrigação de incentivá-la e, no final das contas, por influência minha ou não ela resolveu desbravar os caminhos da docência no ensino superior.

Sem dúvidas, um exemplo de um perfil voltado para a pesquisa, mas que ainda precisa experimentar a ação docente e se convencer de que as habilidades de um bom professor são conquistadas ao longo de um processo. Paciência, dedicação e perseverança talvez sejam as palavras-chave.

De qualquer maneira, me atrevo a concluir que as nuances de ambas as atividades – seja de pesquisa, seja de docência – se confundem. Refiro-me, por exemplo, ao processo de ensino-aprendizagem presente num contexto de pesquisa.

Por outro lado, também faço alusão ao olhar investigativo e ao agir explorador de um professor na construção do conhecimento junto ao aluno.

E sobre a identidade da autora desse texto? Uma docente pesquisadora que somente há pouco menos de dois anos descobriu-se encantada pela pesquisa e, desde então, se propôs a corrigir seus inúmeros descompassos.

Créditos à sua atual orientadora, que em sua orientada conseguiu despertar o interesse e a paixão mencionada.

E sobre você, alguma conclusão?