Vem chegando outubro, e com ele chegam também muitos congressos, simpósios, semanas científicas, jornadas acadêmicas e outras variações de nomes que em suma significam… um festival de pôsteres! Com direito a corredores estreitos, muita gente circulando, e o infeliz pós-graduando prostrado ali do lado esperando alguma pergunta.

Quem já apresentou um pôster sabe como é a vida entre biombos, e sabe também que os pôsteres, independentemente da área, compartilham uma característica peculiar: visualmente são quase todos iguais. Ou pelo menos são muito parecidos entre si, de forma que garimpar os trabalhos mais interessantes se torna uma atividade desanimadora, quando na verdade deveria ser exatamente o oposto.

Por isso, esse post oferece algumas dicas simples para destacar o tema do seu trabalho, melhorar a interpretação dos seus dados e, de quebra, facilitar a leitura dos seus visitantes. Afinal, essa é uma ótima oportunidade para trocar ideias com pesquisadores mais experientes e conhecer o que está sendo feito na sua área de pesquisa.

1. Escreva poucas, mas valiosas palavras.
Pôsteres com muito texto dificilmente receberão atenção. Ao mesmo tempo, você precisa escrever alguma coisa no seu pôster – e nem pense em colar o resumo…
O importante é ter uma introdução curta contendo a problemática do estudo, com os objetivos do trabalho bem destacados. Subtítulos para os principais resultados, legenda para as figuras e conclusões em itens. Assim, o que é essencial está escrito, mas sem exageros – alguns recomendam no máximo 1000 palavras. Lembre-se de usar fontes escuras e com tamanho de pelo menos 22pt, legíveis a 1m de distância.

2. Mude para um layout horizontal.
A maioria dos pôsteres utiliza um layout vertical, subdividido em duas colunas, em que a parte mais importante do trabalho (os resultados) fica restrita a uma proporção pequena do pôster.
Por isso, a dica aqui é substituir o layout de duas colunas por uma distribuição horizontal dos seus dados. Dessa forma, você ganha mais espaço para expor seus resultados no ponto onde eles serão mais visíveis: à altura dos olhos dos visitantes.

3. Valorize suas imagens.
Afinal, elas serão as primeiras a serem notadas por visitantes! As figuras dos seus resultados devem ser grandes, podendo ser interpretadas a uma distância de 1m. Use subtítulos que descrevam o principal resultado e, no caso de gráficos, considere ajustar a fonte dos eixos e das legendas para que fiquem mais visíveis.
Como chamativo, coloque uma imagem representativa do seu trabalho próxima ao título – pode ser o organismo com que você trabalha, o retrato do autor cuja obra você estuda, etc. Assim, antes mesmo de ler o título, pesquisadores interessados no seu tema de estudo já saberão que devem visitá-lo!

4. Use esquemas para sua metodologia.
Os métodos utilizados são uma parte chave para compreender sua pesquisa, mas ao mesmo tempo uma leitura exaustiva. Portanto, a melhor forma de representá-los é através de imagens dispostas em esquemas, mostrando cada etapa em sequência. Fluxogramas com fontes grandes também funcionam bem.
Em alguns casos, os esquemas com imagens também podem ser aproveitados para ilustrar seus principais resultados na seção de conclusões.

5. Pratique a apresentação, mas não a decore.
Elabore diferentes formas de apresentar: uma curta para visitantes ligeiros, uma mais demorada para pesquisadores interessados, e ainda uma terceira para especialistas na área. Adiante possíveis perguntas e tenha respostas – ou boas desculpas – mais ou menos prontas.

É importante estar confiante, e saber aproveitar a estrutura do pôster para valorizar sua pesquisa. Atrair pesquisadores intrigados pela questão do seu trabalho pode lhe trazer novas perguntas interessantes ou ainda criar oportunidades de parceria.
De um jeito ou de outro, uma mera prestação de contas pode se transformar em uma ampliação de horizontes!