Como já foi dito aqui, o Currículo Lattes traz agora alguns espaços para que o pesquisador coloque os trabalhos de divulgação científica que ele está desenvolvendo.

Esse é um passo importante, já que a extensão é uma peça chave para o sucesso das universidades brasileiras e a divulgação, ou popularização, científica é talvez o meio mais produtivo de se levar o conhecimento produzido nos laboratórios das universidades à população em geral.

A divulgação científica pode ser feita de várias formas, como através de museus, exposições, feiras de ciência etc. Na verdade, os congressos, seminários e mesmo a publicação de artigos científicos também são formas de se divulgar ciência.

No entanto, essa divulgação é feita dos cientistas a seus pares e o que mais importa é saber como se deve fazer a divulgação da ciência para o público geral, não especialista.

Em linguística, dizemos que determinadas comunidades profissionais dominam um código linguístico diferenciado. Esse código é conhecido como tecnoleto e, como esse nome sugere, é constituído por palavras e expressões técnicas que procuram dar objetividade às expressões.

Assim, o tecnoleto da biologia possui palavras esquisitas como mitocôndria e gimnosperma e a linguística possui vocábulos como pleonasmo e oração assindética, por exemplo.

No entanto, enquanto essa linguagem especializada e altamente técnica facilita a comunicação entre os cientistas de uma determinada disciplina, ela faz com que os textos produzidos por esses mesmos cientistas não sejam facilmente compreendidos pelo público não especializado.

Nesse sentido, os cursos de graduação funcionam como verdadeiras iniciações em sociedades secretas… somente se fizer esse percurso você terá a chance de decodificar aqueles códigos tão estranhos à primeira vista…

A forma como a linguagem é utilizada na divulgação científica é o ponto principal para fazer com que aquele texto seja compreendido pelo grande público. Principalmente porque é pelos textos impressos ou digitais que a maior parte da divulgação científica é feita.

Essa questão é tão delicada que existe uma série de linguistas que se preocupam em analisar a maneira como os jornalistas reformulam, ou seja, reescrevem o texto científico de forma a fazer com que ele seja melhor compreendido pelo público em geral.

Essa área de estudos é conhecida como Análise do Discurso da Divulgação Científica, ainda com poucos estudiosos no Brasil.
Uma forma de fazer com que o discurso científico seja compreendido pelo público leigo é retirar as palavras técnicas e substituí-las por similares de mais fácil compreensão.

Por exemplo, ao invés de se falar em nucleotídeo, fala-se em “letrinhas que compõem DNA”. Obviamente, um ou outro termo técnico deverá ser utilizado. Em alguns casos para dar um ar mais científico ao texto divulgativo, em outros, por não existir uma expressão similar na linguagem corrente.

Nesses casos, aquele que está escrevendo o texto divulgativo deve procurar usar exemplificações, metáforas, comparações e outros recursos que facilitam a compreensão do assunto.

Bom, em outro texto eu vou procurar explicar essa questão de forma mais detalhada… até breve!

Texto escrito por Welton Pereira e Silva – mestrando em Letras: Estudos Linguísticos pela UFV