Há uma lenda indiana, contada em várias versões, sobre seis cegos e um elefante. Assim como tantas outras parábolas milenares, a lição moral permanece moderna. Pode ser interpretada e aplicada a diversos conceitos e situações atuais. É uma verdadeira aula filosófica sobre a relação humana com a produção de conhecimento.

“Seis homens, todos muito curiosos e dedicados, queriam ver o elefante. Desejavam observar e aprender. Como se pareceria, quais seriam o formato e o tamanho de tão rara criatura? Mas eram completamente cegos. Por isso podiam apenas tatear o animal, para depois tentar defini-lo.

O primeiro aproximou-se, tocou a larga e dura barriga e disse: “O elefante é muito parecido com uma parede”!

O segundo, ao sentir uma das presas de marfim, exclamou: “O elefante é muito parecido com uma lança”!

O terceiro, por acaso, chocou-se à tromba: “O elefante é muito parecido com uma cobra”!

O quarto abraçou uma das pernas: “O elefante é muito parecido com uma árvore”!

O quinto alcançou as orelhas: “O elefante é muito parecido com um leque”!

E o sexto, por sua vez, ao perceber o fino rabo, constatou: “O elefante é muito parecido com uma corda”!

Argumentaram entre si por horas, em vão. Ao mesmo tempo em que estavam todos parcialmente corretos, estavam também todos completamente errados.”

Não é raro observar discussões em que os envolvidos têm a mesma conclusão a respeito de determinado objeto de pesquisa, porém nunca se entendem. Cada um descreve os eventos de maneira distinta, ao mesmo tempo em que se recusa a avaliar sob um ângulo diferente.

A distribuição de informações e a disseminação do conhecimento encontram um enorme obstáculo nas características e pontos de vista singulares das pessoas. Experiências pessoais têm peso maior, enquanto que as alheias tendem a valer menos, seja por arrogância ou confiança nos próprios sentidos.

Uma pena.