Fim do ano, começo da época das avaliações normativas do Ministério da Educação (MEC). Logo no final deste mês é a vez do ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio e em breve, em novembro, é a vez do ENADE – Exame Nacional de Avaliação do Desempenho Estudantil, esse aplicado para os alunos de cursos superiores de graduação em anos finais.

Como esse sistema avaliativo brasileiro, um do ensino médio e outro do superior, algumas questões são possíveis de reflexão. Por que falar aqui, neste espaço dedicado aos estudantes de pós-graduação, sobre um exame voltado para o Ensino Médio?

Falar do ENEM é falar também de uma preparação para a qualidade do ensino que se vem buscando desde a educação básica. O ENEM e o ENADE têm, guardadas as proporções, um sistema semelhante de composição. Ambos têm no quesito “interpretação de textos” o mote das avaliações.

Falar do ENADE também causa estranheza visto que ele é uma avaliação para os cursos de graduação e não de pós-graduação. Vistas com bons olhos, essas reflexões se fazem importantes, pois a qualidade da pós-graduação começa com a qualidade dos demais cursos em níveis anteriores.

Só que para a pós a avaliação do MEC é diferente. É até mais exigente e existe um órgão especial que é a CAPES que regulamenta e avalia os programas de pós no Brasil.

A prova do ENEM e ENADE são bem preparadas e cobram uma prática que muitos até quando chegam nas pós-graduação ainda não têm, que competem na leitura crítica  e na reflexão. Ler criticamente é um grande desafio para nós estudantes (e professores), pois ir além do contexto imanente do texto é tarefa árdua. É preciso associar os mecanismos linguísticos e também os contextos sócio-histórico-ideológicos que perpassam um texto científico (ou não).

O ENEM é um grande exercício para a moçada jovem que quer entrar na universidade com um quê a mais. Quem tem uma boa nota no ENEM, provavelmente não terá as dificuldades citadas com a leitura crítica e a leitura teórica quando chegar à faculdade.

Quem passa pelo ENADE, tem mais um exercício. Pena que nem todos têm acesso a essa prova. E muitos ainda se descabelam no Mestrado e Doutorado, ou até mesmo na Especialização, com as leituras específicas e complexas. Parece que cientista gosta de falar difícil e bonito. Pois bem, com a leitura crítica passo a passo é possível também “ler difícil e bonito”.

A melhor forma de aperfeiçoar-se na leitura é a discussão e a escrita de resenhas, fichamentos ou resumos. O bom mesmo são os grupos de estudos. Ler com antecedência determinado texto ou livro, fichá-lo, resumi-lo e resenhá-lo e depois partilhar uma discussão do que se apreendeu, é a melhor chance de absorver em maior nível o conteúdo abordado.

Com isso melhora-se a capacidade da interpretação. E com esta afiada, a produção científica começa a vigorar, você se posiciona como um autor científico e reflete e constrói melhor o mundo de dentro e de fora da Academia.