Em portaria publicada nesta sexta-feira, dia 16 de julho de 2010, o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico Tecnológico) e a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) autorizaram o acúmulo de bolsas com rendimentos de atividade remunerada para os pós-graduandos.

As atividades, porém, terão de ser aprovadas pelos orientadores e informadas aos programas de pós-graduação. Devem estar “relacionadas à área” do estudante e ser “de interesse para sua formação”, com prioridade para atividades de docência nos ensinos de qualquer grau.

Na verdade essa portaria veio regularizar algo que sempre existiu no programas de pós-graduação, já que muitos alunos recebiam bolsa e exerciam atividade remunerada por debaixo dos panos. O que aconteceu é que agora ficou justo com aqueles pós-graduandos que seguiam “por dentro das regras” (ou que tinham um orientador que os obrigavam a isso). Agora todo mundo, honesto ou não, pode.

Motivos para comemorar
Existem bons motivos para comemorar. O primeiro é que o valor da bolsa não é nenhuma fortuna. Muitos alunos do doutorado são casados ou pensam em se casar. E sustentar ou constituir família com o valor dessa bolsa simplesmente não dá. Fazer pós-graduação agora não será mais sinônimo de abandonar objetivos pessoais.

Outro motivo é que as atividades de docência são necessárias para a formação dos alunos que tem por objetivo tornarem-se professores, uma vez que a pós-graduação deixa muito a desejar nesse ponto

[sobre isso leia mais no artigo “A pós-graduação prepara para o ensino superior?”].

E ainda existe o problema da evasão. Os pós-graduandos honestos que recebiam boas oportunidades de emprego abandonavam a bolsa e o programa de pós-graduação. Como o índice de evasão é um dos critérios de avaliação dos programas de pós-graduação pela Capes, acabava por prejudicar todos do programa. Com a manutenção da bolsa, haverá uma motivação para persistir na pós.

Um alerta
Entretanto, nem tudo são flores. Outro item que é avaliado pela Capes nos programas de pós-graduação é o tempo médio para a conclusão do curso. E, pelo menos nos programas que eu conheço, grande parte dos alunos que pedem prorrogação exercia atividade remunerada e acabava por deixar a pós-graduação em segundo plano.

Pode parecer que isso é apenas um problema do aluno, mas se afeta a avaliação e o conceito do programa, afeta todos no programa. Lembre-se que o seu título de mestre ou doutor estará atrelado ao nome do seu programa de pós-graduação. No currículo Lattes, por exemplo, o conceito do programa já aparece na frente do seu título, deixando bem claro essa relação.

Mas pra quem leva a pós-graduação a sério, e pra quem tem um orientador de verdade presente, não existe motivo para preocupação. Desde que você dê conta de exercer as duas atividades satisfatoriamente.