O que você acha das pessoas que saem de uma graduação e vão imediatamente para uma pós-graduação stricto sensu? Não deveriam primeiro ir trabalhar e talvez conhecer o mundo real? Ah, a velha teoria das “Torres de Marfim”.

Para quem não conhece, Torres de Marfim é uma expressão pejorativa utilizada para descrever o “mundo” onde cientistas praticariam questionamentos desvinculados das preocupações do cotidiano ou, se preferir, do mercado.

Nós, no Brasil, damos uma importância exagerada à prática. Segundo Kurt Lewin, renomado psicólogo alemão, “nada é mais prático do que uma boa teoria”. Já em terras tupiniquins, a sabedoria popular prega que “a teoria na prática é outra coisa”, frase que já virou um tipo de bordão nos corredores das instituições de ensino superiores.

O que se esquece é que as teorias geralmente nascem após numerosos experimentos e observações “práticas”, repetidas exaustivamente por vários pesquisadores ao redor do mundo.

Mais relevante e visto com frequência nas universidades é o fato de que muita gente passa pela graduação com a mesma mentalidade do colégio. Tirar notas suficientes para ser aprovado nas disciplinas, ter a porcentagem mínima de presença e “pronto-acabou”. Não se tem o hábito de raciocinar em cima do que aprendeu. E, nesse caso, também duvido que o mercado de trabalho sozinho irá ensinar tudo o que ele deixou de aprender na faculdade. Pode ensinar alguns atalhos, claro, mas ele terá que correr atrás do resto.

Além disso, é preciso sempre tomar cuidado com generalizações. Existe muita gente por aí que emendou graduação e pós-graduação e mesmo assim são profissionais fantásticos. Gente que mesmo na pós-graduação visita propriedades/indústrias/estabelecimentos, participa de feiras, cursos, congressos, etc e fica antenado com os problemas e novidades do setor. Quem faz a pós-graduação é o próprio aluno, não a instituição.