Existem vários textos na internet com discussões do tipo “Pós-graduação pra quê?”, em que a história segue quase sempre um roteiro padrão: começa com o sujeito terminando a pós-graduação com a ideia de que “agora que tenho mestrado acadêmico numa ótima universidade arrumo emprego quando quiser”.

Como isso não acontece, aborda-se em seguida a falta de experiência e as exigências do mercado. Para finalizar, vem toda aquela ladainha sobre políticas públicas para o aproveitamento dos mestres e doutores neste nosso país da piada pronta.

Bom, vamos por partes.

Um mestrado acadêmico, em via de regra, pode ajudar alguém a conseguir um emprego na área comercial, por exemplo, tanto quanto um curso de natação.

Uma pós-graduação, seja ela stricto ou lato sensu, deve ser vista como algo absolutamente necessário em sua carreira no intuito de se atingir a uma meta pré-definida.

Deve ser uma escolha consciente e muito ponderada.

Não adianta cursar uma pós-graduação e apenas após sua conclusão começar a se preocupar com o que irá fazer na vida.

Esta reflexão precisa ser feita antes.

Para quem não sabe onde quer chegar, qualquer lugar servirá.

Se você está em dúvida sobre qual pós-graduação é mais adequada aos seus objetivos, recomendo a leitura do artigo Como escolher a pós-graduação certa para você, em que são abordadas as diferenças entre os tipos de pós-graduação e a finalidade de cada uma delas.

Se você ainda não possui objetivos profissionais claros e definidos, aconselho a pensar nisso com carinho ANTES de optar por uma pós-graduação.

Ora, se o mercado não valoriza sua pós-graduação, será que você fez a pós-graduação certa para seus objetivos profissionais? Será que não teria sido melhor um mestrado profissionalizante ou uma especialização, ao invés de um mestrado acadêmico? Será que as vagas que você tem procurado são as que mais se encaixam com a pós-graduação que você fez?

Outro acontecimento que vejo com freqüência ocorre com pessoas que decidem fazer uma pós-graduação apenas porque não conseguiram arranjar emprego após a formatura.

Em seguida, elas terminam a pós-graduação e continuam não conseguido arranjar um emprego.

Curioso, não?

Pergunta-se: será que o problema, neste caso, está mesmo na pós-graduação?

Sobre as políticas públicas para o aproveitamento de mestres e doutores no Brasil, realmente esta é uma das muitas mudanças que deveriam ocorrer em nosso país, mas que, a médio prazo, provavelmente pouco será alterado.

Mas discordo da idéia de que mestres e doutores estão limitados a trabalhar em universidades e centros de pesquisa. Entretanto, esta é outra conversa, já abordada no texto Pós-Graduação e Empreendedorismo.

Para finalizar, um resumo deste post, da forma mais direta possível:

Não, uma pós-graduação stricto sensu não será um grande diferencial para conseguir um emprego, a menos que seja para trabalhar com ensino ou pesquisa.

Não, as empresas, em regra, não valorizam ou oferecem maiores salários para quem tem uma pós-graduação, se esta não for necessária ou não estiver relacionada com o serviço em questão.

Não, arranjar um emprego com pesquisa e desenvolvimento na iniciativa privada não é fácil. As grandes empresas, geralmente multinacionais, possuem seus principais centros de pesquisa em seus países de origem.

Sim, a pós-graduação diminui o seu leque de oportunidades. Se quiser valorizar a sua pós-graduação, todo o tempo e dinheiro investidos, você acabará por focar apenas nas áreas em que você se especializou.

Sim, uma pós-graduação stricto sensu é premissa básica pra quem quer seguir carreira acadêmica, trabalhar com ensino ou com pesquisa.

Sim, uma pós-graduação pode te ajudar a conseguir um bom emprego, pode contribuir para uma promoção ou um aumento de salário. Desde que faça parte de uma estratégia pessoal bem definida e que esta pós-graduação seja valorizada no ramo almejado.